Levantamento com radar ajuda a buscar artefatos arqueológicos na Amazônia

Pesquisadores aplicaram um levantamento pioneiro de radar de penetração no solo para ampliar o conhecimento sobre um sítio arqueológico subaquático

Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) e do Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo (IPT) aplicaram um levantamento pioneiro de radar de penetração no solo (GPR, na sigla em inglês) para ampliar o conhecimento sobre um sítio arqueológico subaquático existente na região da Amazônia Oriental, onde se localiza a Aldeia de Jenipapo (MA).

Situado no Pantanal Maranhense, o sítio teve seus assentamentos construídos por populações indígenas que lá habitaram durante o período pré-colonial.

Resultados do trabalho – apoiado pela FAPESP por meio de dois projetos (20/15560-5 e 22/12482-9) – foram divulgados no Journal of Archaeological Science Reports.

O estudo demonstrou a capacidade do método GPR de mapear um pilar de madeira subaquático e aumentar a probabilidade de encontrar artefatos arqueológicos no fundo do rio, o que contribui para melhorar o conhecimento da arqueologia amazônica no Brasil.

Para tanto, foram estabelecidos 12 perfis GPR, todos eles adquiridos com antenas de 270 MHz, utilizando um barco de borracha. Os 12 perfis tinham por volta de 425 metros de comprimento na direção norte-sul com formato irregular e espaçamento de aproximadamente 20 metros entre as linhas, quase paralelos entre si.

Os resultados do radar indicaram uma reflexão do sinal no fundo do rio e várias hipérboles de difração suspensas sobre o fundo do rio, relacionadas ao topo dos pilares de madeira.

“Nós conseguimos fornecer um mapa em alta resolução do fundo do rio Turiaçu e dos topos dos pilares de madeira que sustentavam as casas de palafitas no período pré-colonial”,

afirma o geofísico Jorge Luís Porsani, coautor do estudo, à assessoria de imprensa do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da USP.

Para apoiar a interpretação dos resultados, foi realizada uma modelagem numérica GPR para simular as hipérboles de difração suspensas na água, relacionadas aos pilares de madeira. De acordo com os autores, a modelagem numérica do radar apresentou boa concordância com dados reais, o que auxiliou na interpretação dos resultados.

Além disso, eles observam que a localização de diversas hipérboles de difração pode orientar os mergulhadores na busca e coleta de artefatos arqueológicos ao redor dos pilares de madeira subaquáticos.

“Esses resultados podem contribuir para a redução dos custos da investigação arqueológica”,

afirma Porsani.

O artigo GPR survey on underwater archaeological site: A case study at Jenipapo stilt village in the eastern Amazon region, Brazil pode ser lido em: www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S2352409X23002894.

Com informações da Agência Fapesp
Imagem de capa: NASA

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