O GeoRisk usa metodologia avançada que combina dados de modelos meteorológicos, informações ambientais e históricos de desastres, permitindo emitir alertas de risco de deslizamentos de terra com até 72 horas de antecedência
O GeoRisk – novo sistema desenvolvido pelo Centro de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), unidade de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI)- foi lançado em 17 de fevereiro passado na sede do Cemaden, em São José dos Campos (SP), com a presença da ministra do MCTI, Luciana Santos e do ministro das Cidades, Jader Barbalho Filho,
O sistema tem como objetivo aprimorar a capacidade de previsão e monitoramento de deslizamentos de terra, oferecendo alertas com até 72 horas de antecedência, o que representa um avanço significativo em relação às previsões anteriores, que eram feitas com 24 horas de antecedência. O sistema também contribui como suporte à tomada de decisão de envio de alertas e na elaboração do Boletim de Previsão de Riscos Geo-Hidrológicos, disponibilizado diariamente no site do Cemaden.
“Lançar este novo sistema, que aprimora a qualidade das previsões de risco de deslizamentos, nos coloca na vanguarda da antecipação de riscos. Trata-se de uma ferramenta inovadora, com o potencial de salvar vidas e evitar perdas materiais”,
afirmou a ministra do MCTI, Luciana Santos, destacando a necessidade de ações integradas para mitigar os eventos climáticos extremos.
“Investir em ciência e inovação se faz necessário para a resiliência e prevenção de desastres, evitando perdas de vidas. Reconstruir é mais oneroso do que prevenir”,
afirmou o ministro das Cidades, Jader Filho
Na abertura do evento de lançamento do GeoRisk, a diretora substituta do Cemaden, Regina Alvalá, destacou que foi um esforço coletivo, nos últimos cinco anos, para o desenvolvimento do projeto, concebido para subsidiar os alertas de riscos de deslizamentos:
“Deslizamento de terra é a tipologia de desastre que mais mata no território brasileiro”.
Ressaltou, também, a satisfação de entregar o sistema GeoRisk dois anos antes do previsto, dentro do cronograma do Plano Plurianual.
O coordenador-geral de Operação e Modelagem do Cemaden, Marcelo Seluchi, salientou sobre o trabalho difícil de monitoramento de um país continental como o Brasil, onde existem dezenas de milhares de áreas de risco de deslizamentos, além da quantidade de bacias e microbacias hidrográficas.
“O monitoramento ininterrupto e feito com equipes de quatro pessoas, que se revezam em turnos, não é uma operação mecânica”,
enfatizou Seluchi.
Explica que os profissionais da Sala de Situação do Cemaden são de diversas áreas de conhecimento, 70% são doutores, outros têm Mestrado e 10% está cursando o doutorado. Elaboram, também, trabalhos de pesquisa, publicações e artigos científicos, lideram projetos de pesquisas nacional e internacional.
“O sistema GeoRisk foi um modelo de esforço conjunto, de baixíssimo custo, que nos coloca em outro patamar. A previsão de risco de deslizamentos está no novo ciclo, nos esforços de salvar vidas”,
ressalta Seluchi.
O vice-prefeito de São José dos Campos, cel. Wilker Lopes, representando o prefeito Anderson Farias, enfatizou que o município foca a resiliência e sustentabilidade, parabenizando os profissionais qualificados do Cemaden, que desenvolvem e aplicam a ciência e tecnologia para o benefício imediato da população.
O secretário de Políticas e Programas Estratégicos do MCTI, Osvaldo Moraes-ex-diretor do Cemaden, onde foi gestor por oito anos- destacou a capacidade e qualificação dos recursos humanos do Cemaden:
“O Cemaden tem a missão de entregar produtos diariamente à sociedade brasileira, tornando a ciência algo concreto e acessível com resultados perceptíveis no dia a dia. É uma instituição dedicada a salvar vidas, especialmente das populações mais vulneráveis do país.”
Metodologia e tecnologia inovadora do GeoRisk

Com a geração antecipada das previsões de risco de deslizamentos geradas pelo GeoRisk, é possível emitir alertas de deslizamentos de terra em até 72 horas de antecedência (sem essa ferramenta, a previsão era de 24 horas).
O GeoRisk utiliza dados de diferentes modelos meteorológicos, informações ambientais e históricos de desastres para fornecer previsões de risco em cinco níveis (muito baixo, baixo, moderado, alto, muito alto). A combinação de múltiplos modelos de previsões numéricas de tempo e o uso de “limiares críticos de precipitação” constitui uma abordagem complexa e pouco aplicada globalmente, o que determina o caráter inovador do sistema. Dados de várias fontes, incluindo pesquisas científicas conduzidas no próprio Cemaden, além de parcerias e análises estatísticas, também são considerados, visando gerar um índice de risco mais preciso e confiável.
Desde o início dos testes, foi possível detectar 90% dos principais desastres relacionados a deslizamentos de terra, com exceção daqueles que foram derivados de chuvas muito localizadas e imprevisíveis por qualquer modelo de previsão numérica de tempo.
Desenvolvido desde 2019, o sistema GeoRisk se destaca pela capacidade de fornecer previsões com até três dias de antecedência, o que aumenta a taxa de detecção de desastres e a precisão dos alertas de risco de deslizamentos.
O GeoRisk é calibrado para oferecer resultados tanto em nível regional quanto municipal. Atualmente, o Cemaden monitora 1.133 municípios, dos quais 1.083 já possuem limiares de risco específicos identificados. Para os demais municípios, o Cemaden adota um limiar padrão de 250 mm de precipitação para o limiar de risco de deslizamentos.
Capacidade de previsão
O GeoRisk é capaz de gerar previsões mais precisas e antecipadas sobre riscos de deslizamentos de terra, utilizando modelos numéricos de previsão meteorológica, dados históricos de chuva e limiares críticos de precipitação previamente definidos. Isso garante análises robustas e confiáveis, oferecendo suporte mais eficiente às autoridades na elaboração de alertas para a população.
Entre os resultados do novo sistema, destaca-se um aumento de 13% na taxa de detecção de ocorrências de deslizamentos e de 15% na taxa de acerto das análises de risco, quando comparado com os métodos tradicionais. Esses índices melhorados refletem a maior precisão e efetividade do GeoRisk na identificação de riscos e na elaboração de alertas mais confiáveis. O sistema GeoRisk consegue, de forma automática, um desempenho equivalente, ou superior, ao das previsões feitas pela equipe da Sala de Situação de maneira tradicional.
A destreza do sistema foi avaliada e aprimorada nos últimos três verões, comparando os resultados do índice de risco com ocorrências registradas, aliadas a técnicas estatísticas e de calibração, incluindo testes preliminares por machine learning. Atualmente, o sistema utiliza entre 15 e 25 previsões meteorológicas diferentes, providas por diversos modelos numéricos, as quais foram calibradas individualmente.
Perspectivas de implementação do sistema GeoRisk
Aliado ao conhecimento, experiência e competência dos especialistas da Sala de Situação do Cemaden, espera-se que, no futuro imediato, a implementação do GeoRisk possibilite o envio de alertas ainda mais precisos e antecipados para os municípios monitorados, oferecendo uma previsão de risco de deslizamentos para todas as regiões do Brasil.
“Trata-se de um sistema totalmente inovador que, muito provavelmente, irá determinar um marco histórico no difícil processo de proteger as vidas humanas em situações de deslizamentos de terra”,
finalizou Pedro Camarinha, coordenador do projet
Para a ministra do MCTI, “o lançamento do GeoRisk comprova que o Cemaden é muito mais do que uma instituição de caráter operacional. O Cemaden é uma instituição de pesquisa que combina avanços no nosso desenvolvimento científico com o lado operacional. E isso é fruto do trabalho de uma equipe multidisciplinar e altamente qualificada”.
O evento de lançamento e a explicação sobre GeoRisk foi transmitido pelo Canal YouTube Reunião de Impactos do Cemaden :
Destaques da última edição: