Cemaden registra que 60% do território brasileiro foi afetado por seca extensa e intensa em 2023/24

As chuvas entre novembro de 2024 e março de 2025 reduziram o número de municípios em condição de seca moderada e extrema, mas diversas áreas no Norte e no Centro-Oeste registram a persistência da seca

Mesmo que as chuvas ocorridas entre novembro de 2024 e março de 2025 tenham reduzido o número de municípios em condição de seca moderada e extrema (de 2.954 para 1.907 municípios), diversas áreas ainda registram a persistência das condições de secas, principalmente, nas Regiões Norte e Centro-Oeste do país.

Entre 2023 e 2024, cerca de 60% do território brasileiro foi afetado por uma seca extensa e intensa.

Diversas bacias hidrográficas prioritárias para geração de energia hidrelétrica e abastecimento tiveram uma melhoria na condição de seca hidrológica. Contudo, a bacia do rio Paraguai, na região Centro-Oeste, continua enfrentando uma situação hídrica extremamente crítica, com níveis do rio nos meses de fevereiro e março de 2025 iguais aos mínimos históricos (período 1981-2023).

Esses são os pontos de destaque na avaliação da criticidade da seca no território brasileiro, durante o período de outubro de 2024 a março de 2025, que corresponde à estação chuvosa na maior parte do país, apontados pela Nota Técnica “Avaliação da Criticidade da Seca no Brasil na Estação Chuvosa 2024-2025”, elaborada pela equipe de monitoramento de secas, integrada por pesquisadores de diversas áreas, do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden)- unidade de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI).

O período de outubro de 2024 a março de 2025 também foi marcado por uma ocorrência significativa de ondas de calor. Ao longo dos seis meses analisados, diversas regiões do Brasil, como o Sul, Sudeste, Centro-Oeste e parte da Amazônia, sofreram múltiplos eventos consecutivos de calor extremo.

O mês de outubro de 2024 se destacou como o mais crítico, com áreas registrando até cinco ondas de calor. Essas ocorrências se sobrepuseram geograficamente às regiões afetadas por secas severas, ampliando os impactos ambientais e socioeconômicos, especialmente na saúde pública, na produção agropecuária e na segurança hídrica

A análise contempla a duração, extensão, intensidade e os impactos da seca em diferentes setores, como a agropecuária, terras indígenas e os recursos hídricos.

Condicionantes climáticos

O período chuvoso no Brasil Central, região Sudeste e parte da região norte se estende de outubro a março e regula as atividades agrícolas e de geração de energia elétrica em grande parte do Brasil. Neste último período chuvoso ocorreu simultaneamente um episódio de La Niña. Entretanto, este episódio foi fraco e de curta duração, e provavelmente teve pouca influência no regime de chuvas no Brasil, excetuando a região Sul onde as chuvas apresentaram totais abaixo da média.

Situação da seca entre outubro de 2024 e março de 2025

Os anos de 2023 e 2024 foram marcados por uma seca extensa e intensa, que atingiu cerca de 60% do território brasileiro. Até o início do ano hidrológico de 2024/2025 (em outubro), centenas de municípios ainda se encontravam em situação de seca severa ou extrema em diversas regiões do país.

Índice Integrado de Seca (IIS3) referente a outubro de 2024 (NT do Cemaden, abril 2025)

O monitoramento da propagação da seca em março de 2025 indica que a maior parte da região centro-sul está em estágio de atenção, indicado na cor laranja. A situação de atenção é definida pelo índice de chuva (Índice Padronizado de Precipitação – SPI) e a umidade do solo estão em níveis críticos, indicando início das condições de seca.

Número de meses consecutivos com secas severa, extrema ou excepcional no período de outubro-2024 a março-2025

Cerca de 1,1 milhão de km2 em estado de alerta, o que equivale a 13% do território nacional está em estado de alerta, indicadas na cor vermelha. As áreas concentram-se nas regiões Sudeste, Sul e na Bahia. Elas são resultado da combinação do déficitde precipitação e estresse da vegetação, indicando um estágio mais avançado da seca, com potenciais impactos na agricultura, pastagens e ecossistemas naturais.

Ondas de calor

O documento destaca que a ocorrência de ondas de calor se sobrepôs geograficamente às regiões mais afetadas pela seca. A sobreposição amplia os impactos ambientais e socioeconômicos, especialmente na saúde pública, na produção agropecuária e na segurança hídrica.

Impactos em áreas agroprodutivas

A Nota Técnica avalia os impactos da seca nas atividades agrícolas e pastagens para o período analisado. As regiões Sul e Sudeste apresentaram aumento crescente nos meses de fevereiro e março de 2025 das áreas agroprodutivas potencialmente impactadas. A nota destaca que os impactos devem ser mais severos na produção pecuária, pois as pastagens poderão apresentar baixa qualidade devido ao prolongado déficit hídrico e à baixa umidade do solo.

Acesse a a íntegra a pela Nota Técnica “Avaliação da Criticidade da Seca no Brasil na Estação Chuvosa 2024-2025”.

Com informações e imagens do Cemaden
Imagem de capa: Pixabay

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