O evento MundoGEO Connect, já em sua 9ª edição, é o maior evento de tecnologia geoespacial e drones da América Latina. O encontro de 2019 aconteceu na última semana entre os dias 25 e 27 de junho em São Paulo (SP) e reuniu gestores públicos e privados de diversos segmentos, representantes de órgãos governamentais, empresas especializadas do setor, pesquisadores, organizações não governamentais e outros.
Um dos destaques do evento foi a palestra Monitoramento Diário e Automatização Criando Projetos de Impacto no Combate ao Desmatamento Ilegal. A palestra foi apresentada pela CEO da Santiago e Cintra Consultoria (SCCON), Iara Musse Felix, que demonstrou como as imagens de satélite da constelação Planet – única que cobre todo o território do Brasil diariamente com imagens de alta resolução (3 metros) – são capazes de produzir informações das mudanças que ocorrem no espaço e tempo no território nacional com a maior precisão.
Na apresentação, foi demonstrado como o uso destas imagens com processos automatizados em plataformas web permitem gerar e disponibilizar dados sobre desmatamentos ativos que estão ocorrendo em qualquer área da maior floresta tropical do mundo, a Amazônia.
A figura a seguir ilustrou uma área monitorada diariamente ao longo de três semanas consecutivas do mês de junho de 2019:
Estes desmatamentos diários são constatados em tempo quase real. As ações de fiscalização que se valem deste sistema causaram grande impacto no combate aos desmatamentos ativos, com suas intervenções e atuações em campo. Isso pôde ser observado em números apresentados durante a palestra, que destacou como uma de suas referências a recente operação da Polícia Federal denominada Arquimedes, publicada em final de Abril, que utilizou os alertas de desmatamento ativos, gerados com imagens Planet diárias, disponibilizados pela plataforma da SCCON para ação na Amazônia.
O uso de imagens diárias e detecção em tempo quase real sobre a área em processo de desmatamento foram essenciais para ação imediata dos agentes e fiscais, que puderam se deslocar com precisão até a área alvo e interromper as ações ilegais no momento em que o desmatamento estava ainda em curso. Esta ação evitou que inúmeras áreas de floresta entrassem na estatística de áreas desmatadas, gerando uma degradação ambiental de difícil, incerta e de alto custo de recuperação.
Outro ponto, destacado por Iara, são as dificuldades na adoção de medidas eficazes de apreensão dos recursos naturais explorados ilegalmente e de punição dos infratores. A fiscalização em campo, até então, é realizada tradicionalmente em áreas de desmatamentos já integralmente realizados e quando já se consolidou a exploração ilegal com a subsequente saída dos infratores e do produto de suas ações, realizadas de forma escusa e velada, valendo-se de fragilidades que há mais de três décadas desafiam os métodos e estratégias tradicionais disponíveis.
“Em contraste com esta situação frustrante de agir, na grande maioria das vezes, apenas posteriormente no combate ao desmatamento ilegal, o monitoramento diário apresenta claramente um avanço para a atuação do poder público. Permite enfrentar de forma mais eficaz as limitações e dificuldades de se acessar os infratores em campo, seja por questões antigas relacionadas à indisponibilidade de dados precisos da estrutura fundiária, informações falsas, imprecisas, desatualizadas e conflitantes declaradas, entre outras”, comenta Iara.
Desta forma, o monitoramento realizado diariamente, identificando os desmatamentos no momento em que ainda estão ocorrendo, permite alcançar e punir os infratores de maneira mais segura e mais eficiente, otimizando os custos em ações de campo, e representa uma estratégia mais assertiva em relação aos métodos tradicionais até então utilizados, inclusive possibilitando a validação de licenças concedidas e ativas com base em informação atualizadas.
Segundo Iara, o sistema de geração e disponibilização de alertas de desmatamentos diários e semanais não colide com a geração de informações sobre desmatamentos passados fornecidos anualmente por instituições públicas renomadas que fazem o monitoramento das áreas de florestas, sendo estas necessárias para o registro histórico e de fundamental importância ao conhecimento e análises de séries estatísticas, além de se permitir gerar autuações remotas quando validados com as imagens mais precisas.
Nesse contexto, outro ponto a se destacar por Iara é que as imagens Planet fornecidas pela plataforma SCCON, além do contexto governamental, estão também sendo utilizadas para validação e redefinição de áreas de polígonos de alertas gerados por outros sistemas nacionais e internacionais que geram dados a partir de imagens de satélite de menor resolução e de menor precisão. Um exemplo é o projeto MapBiomas Alerta, que já utilizou cerca de 300 mil km² de imagens Planet para validar alertas localizados em diferentes regiões e Biomas do Brasil.
“Levando-se em consideração todos esses aspectos, o monitoramento diário com imagens Planet, disponibilizado pela SCCON, apresenta-se como um grande avanço tecnológico já disponível para monitoramento diário em tempo quase real de qualquer área da região Amazônica, com alta resolução e alta precisão, sendo um recurso que não pode ser ignorado como parte da estratégia fundamental no suporte ao combate ao desmatamento. Uma fiscalização mais assertiva, com punição imediata dos infratores, como foi demonstrado pela operação Arquimedes, constitui uma experiência que traz um novo paradigma para as ações brasileiras no combate ao desmatamento da região Amazônica”, finaliza Iara.
Sobre a SCCON
A SCCON – Santiago & Cintra Consultoria é uma empresa brasileira de Tecnologia do Segmento Geoespacial que desenvolve e fornece soluções com imagens de satélite, serviços de classificação, mapeamento temático, e plataformas de processamento automático. As imagens Planet são distribuídas e licenciadas no Brasil com exclusividade pela SCCON para todos os órgãos governamentais do Brasil.